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Cinco dicas de consumo consciente
Quando chega o mês de dezembro uma cena é comum nos shoppings e estabelecimentos comerciais das grandes cidades: uma multidão de pessoas corre contra o tempo para conseguir comprar todos os itens da lista de Natal e não deixar faltar o presente de ninguém. Nesta época do ano, o comércio brasileiro chega a movimentar bilhões e o endividamento dos brasileiros só aumenta. Mas será que é possível consumir sem maiores prejuízos para o bolso e para o meio ambiente? A coordenadora de extensão Social da Unifacs, Patrícia Pastore, responsável pelo projeto Brechó Ecosolidário, dá dicas de como consumir de maneira consciente.
1 - Faça uma auto-reflexão. Eu realmente preciso disso?
Antes de consumir ou comprar qualquer coisa é preciso avaliar primeiro as nossas reais necessidades. A todo momento somos bombardeados por ofertas que estimulam nosso desejo pelo consumo. Comprar por impulso pode gerar dor de cabeça e frustração quando paramos para refletir. Muitas vezes a pessoa está precisando de apenas um item, mas quando vai ao mercado e passa por milhares de opções oferecidas nas prateleiras, dispostas de maneira que encham os olhos, acaba levando outras coisas que não precisava. O ideal é criar o hábito de fazer uma lista com o que realmente precisa antes de ir às compras e tentar resistir às tentações de comprar mais do que o necessário.
2 - Não quer mais? Troque!
É comum, principalmente entre as mulheres, abrir o guarda-roupas e dizer que não tem nada para vestir, quando na verdade já não cabe mais nenhuma peça no armário. Quando isto acontece, não só para o caso das roupas, mas para qualquer outro produto em bom estado, ao invés de descartar o que já se tem e comprar artigos novos, uma boa opção é participar de feiras de trocas, como a que acontece anualmente em Salvador no Parque da Cidade. Nestas feiras é possível adquirir qualquer produto, trocando aquilo que não se quer mais, mas que pode servir para outra pessoa e ainda encontrar os mais variados produtos sem gastar nada.
"Através da cooperação mútua, a troca de produtos estimula a conscientização sobre os efeitos do consumo para as mudanças climáticas atuais, e o incentivo para que os participantes repensem e transformem seu consumo, buscando evitar desperdícios, priorizando produtos mais saudáveis e cuja produção seja sustentável, social e ambientalmente correta", diz Patrícia.
3 - Pare e reflita: para onde vão os produtos que eu descarto?
Quando descartamos material reciclável junto com o lixo orgânico, além de desperdiçar estamos prejudicando o meio ambiente, pois estes materiais demoram milhares de anos para se decompor. O óleo de cozinha despejado diretamente na pia é outro vilão da natureza. Um litro de óleo é responsável pela poluição de 1 milhão de litros de água.
4 - O que não serve mais para mim, pode virar renda para outras pessoas
Materiais como papel, plástico, metais, vidro e óleo de cozinha são matéria-prima para o trabalho das cooperativas e a renda de muitas famílias. É possível encontrar postos de coleta destes materiais nas instituições de ensino, como é o caso na Unifacs, em Shoppings e órgãos públicos. A Sefaz apóia o trabalho de cooperativas de material reciclável parceiras do Programa Recicle Já Bahia, que recolhe o material nos órgãos no CAB, e do projeto Reciclarte, que cria peças de decoração e arte a partir do reaproveitamento de materiais.
5 - Evite desperdícios
Seja em casa ou no ambiente de trabalho, medidas simples, como desligar a luz e os aparelhos eletrônicos quando não estão em uso contribuem para economizar e consumir de maneira consciente. O mesmo ocorre com o consumo de água e telefone. Se tomarmos o cuidado de não deixar torneiras abertas ou pingando, consertar vazamentos e fazer ligações apenas quando necessário, não só estaremos economizando, como também minimizando os impactos à natureza.
Brechó estimula economia solidária
Consumir de maneira consciente implica em adotar medidas responsáveis na hora de consumir, adquirindo apenas o que for necessário e levando em consideração o respeito ao meio ambiente, a saúde humana e animal e as relações de trabalho. Neste aspecto, a economia solidária promove um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver, sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente, em que todos cooperam, cada um pensando no bem comum e no próprio bem.
O projeto Brechó Ecosolidário é desenvolvido pela Universidade Salvador (Unifacs) com o apoio de instituições parceiras, como a Universidade Estadual da Bahia, a Universidade Federal da Bahia, além de outras instituições de ensino e a Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), por meio da Superintendência de Economia Solidária (Sesol). O Brechó é coordenado por Patrícia Pastori e realiza desde 2006 uma feira de trocas no Parque da Cidade. A moeda para aquisição de produtos não são reais, dólares ou euros, mas uma moeda social chamada grão. "Cada objeto, independentemente do valor comercial equivale a um grão. Para nós o que importa mesmo é a utilidade do produto", explica a coordenadora de extensão social da Unifacs, Patrícia Pastori.
Seis meses antes da realização do projeto, são montados pontos de troca dos produtos pelo grão nas instituições parceiras, que também contribuem com voluntários para trabalhar no projeto. Somente na última edição do brechó, realizado em outubro deste ano, foram trocados 18.625 produtos.
Cerca de 300 pessoas trabalham como voluntárias, entre elas, professores e estudantes das universidades parceiras, empreendedores da economia solidária, artistas e terapeutas holísticos. O brechó oferece um mercado de produtos oriundos de cooperativas, e ainda, atividades culturais, como apresentações de música e dança, oficinas de educação ambiental e de saúde integral, com aulas de ioga, biodança, massagens e reiki.
O sucesso do projeto foi tão grande que em 2010 foi convidado a participar da iniciativa Dialogues in Humanité, realizada em Lyon na França, que busca parcerias com projetos de consumo sustentável em outras cidades do mundo. “O brechó dinamiza a economia solidária e desmitifica a ideia de que só se pode consumir com muito dinheiro”, conta Pastori.
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