Saúde e solidariedade: entenda como funciona a doação de medula óssea
Na Bahia, 33 pacientes esperam na fila por um transplante de medula óssea. Indicado para pacientes com produção anormal de células sanguíneas, esse transplante depende de uma vasta rede de candidatos a doação, tendo em vista que a ocorrência de incompatibilidades é bastante comum. Saiba como se cadastrar como doador e como é feito o procedimento que salva vidas.
Medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por "tutano". Nela são produzidos os componentes do sangue, a exemplo das hemácias (glóbulos vermelhos), dos leucócitos (glóbulos brancos) e das plaquetas. O transplante de medula é indicado para pacientes com produção anormal de células sanguíneas, geralmente causada por algum tipo de doença hematológica como leucemias agudas, leucemias crônicas e linfomas, e também portadores de aplasia de medula.
O cadastramento para doação de medula óssea é simples, rápido e não dói: são coletados apenas os dados pessoais do doador e uma amostra de 5ml de sangue que será testada para identificação da característica genética deste doador, que deve ter entre 18 e 55 anos. Essas informações vão para um banco de dados informatizado chamado REDOME (Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea) onde será feito, no futuro, um cruzamento dos dados do doador com os do paciente que necessita da doação.
No sistema dos pacientes, chamado REREME (Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea) o médico inscreve as informações do paciente, incluindo o resultado do exame de histocompatibilidade HLA. “Quando são identificados possíveis doadores compatíveis, a informação é logo transmitida ao médico, que, junto com a equipe do REDOME, analisa os melhores doadores, faz a escolha, e então têm início os procedimentos de doação”, explicou a coordenadora de captação de doadores da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), Iara Matos.
Redes sociais
A miscigenação e a diversidade genética existentes no Brasil dificultam o processo de identificação de doador compatível, mesmo que seja da mesma família: a chance para encontrar é de uma em 100 mil. Na Bahia, existem 86.628 pessoas cadastradas para doação de medula e 33 pacientes à espera deste tipo de transplante, segundo a Fundação Hemoba. A dificuldade de encontrar um doador compatível motiva amigos e parentes de pacientes a recorrerem às redes sociais, que viraram aliadas na campanha pela doação de medula óssea.
Os irmãos Samuel, de seis anos, e Maria Paula Leão, de sete, já foram internados mais de 100 vezes durante toda a vida por causa de uma imunodeficiência combinada grave causada por um distúrbio genético do DOCK 8, uma mutação genética que diminui a resistência a doenças como pneumonia e infecções de pele. Para sobreviver, as crianças precisam de um transplante de medula óssea.
Samuel já encontrou um doador após a campanha #todosjuntosporpaulaesamuel ganhar força nas redes sociais. Os pais das crianças, Maica e Ilton, criaram uma página no Facebook para ajudar os filhos com a captação de doadores, e seguem otimistas na busca para encontrar um doador para Maria Paula. Os irmãos estudam na Escola Gênesis, no bairro do Costa Azul, e desde então a página é alimentada com notícias relacionadas ao tema e com as fotos dos doadores de medula, geralmente pais dos colegas da escola, professores, amigos e parentes da família, além de internautas que se sensibilizaram com a ação e, a partir de um gesto de solidariedade, se tornaram doadores. Clique aqui para acessar a página da campanha.
Transplante
Há dois tipos de transplante. O alogênico ocorre quando a medula provém de outro doador. Já no transplante autólogo, a medula provém do próprio corpo do indivíduo. De acordo com Iara Matos, antes da doação, o doador faz um exame clínico para confirmar o seu bom estado de saúde e fica internado por um dia. “A retirada clássica é feita por punção óssea, um procedimento que dura, aproximadamente, 90 minutos. São realizadas múltiplas punções com agulhas nos ossos posteriores da bacia, sendo retirado o produto através de aspiração. Retira-se um volume de 10 a 15% da medula do doador”, explicou a coordenadora.
Outro modo de retirada é por aférese, na qual o doador toma um medicamento que estimula a produção de células-mães no organismo durante cinco dias. “É utilizada uma máquina semelhante à da hemodiálise, e o doador permanece ligado por meio venoso. O processo dura de duas a três horas, e são recolhidos 10% da medula presente no sangue, o que é recomposto no período de dez a 15 dias”, disse Iara.
“Uma semana após a doação, o doador já retornou a todas as suas atividades”. Após um tratamento que destrói a medula doente, o paciente recebe a medula “nova” por meio de uma transfusão, e após duas semanas essa medula estará produzindo novas células.
Onde doar
Em Salvador, as doações podem ser feitas nos seguintes locais:
Hemocentro Regional do Leste: Ladeira do HGE, Av. Vasco da Gama, Brotas, tel. (71)3116-5661/5664. Atendimento de segunda a sexta-feira das 07h30 às 18h30; sábado das 07h30 às 12h30.
Unidade de Coleta Hospital Santo Antônio – Obras Sociais Irmã Dulce: Av. Bonfim 161, tel. (71) 3310-1219. Atendimento de segunda a sexta-feira das 7h às 11h30 e das 13h às 16h.
Unidade de Coleta – Hospital do Subúrbio: Rua Manoel Lino, s/n - Subúrbio, tel. (71) 3217-8824. Atendimento segunda, quarta e quinta-feira das 07h às 12h e das 13h às 17h30.
Unidade de Coleta – Hemóvel: Itinerante, tel. (71) 3116-5642. Atendimento de segunda a sexta-feira das 8h às 17h (posto móvel).
Confira aqui os outros 23 locais de doação espalhados no interior do estado da Bahia.
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