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Isolamento reduz poluição e gera reflexão sobre cuidado socioambiental
A redução pontual dos impactos ambientais em alguns setores, causada pelo distanciamento social devido à pandemia, têm levantado discussões sobre a necessidade de se repensar hábitos para preservar o meio ambiente e ser mais solidário com o próximo.
O distanciamento social devido à pandemia de Covid-19 diminuiu os níveis de poluição ao redor do mundo com a menor circulação de pessoas e automóveis, além do funcionamento reduzido de fábricas e indústrias. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Toronto, no Canadá, com foco em Wuhan, Hong Kong, Kyoto, Milão, Seul e Xangai, o nível de poluição do ar diminuiu 40% em cidades que declararam estado de emergência em fevereiro por causa do coronavírus. No Brasil, imagens de satélite feitas pela Agência Espacial Europeia e processadas pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC) mostram que os níveis de poluição tiveram uma diminuição em grandes centros urbanos durante o período de quarentena. Imagens captadas do satélite Sentinel 5P mostram redução do dióxido de nitrogênio em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Curitiba, Salvador e Belo Horizonte.
Na capital Baiana, segundo dados da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), houve redução de 39% no volume de resíduos retirados das praias no mês de abril em comparação ao mesmo período do ano passado. A limpeza e o esvaziamento de pessoas nas praias soteropolitanas fez com que uma tartaruga marinha depositasse seus ovos na praia do Porto da Barra, no dia 16 de junho, cena atípica no local. A bióloga especialista em Recursos Ambientais e coordenadora do Programa Recicle Já Bahia, Vanuza Gazar dos Reis, afirma que este período de isolamento social é uma oportunidade de se refletir sobre o consumo consciente e sobre a responsabilidade socioambiental.
“Essa é uma experiência que ninguém tinha vivenciado até então. No mundo inteiro, é uma novidade e as consequências positivas para o meio ambiente foram involuntárias. As pessoas tiveram que permanecer em casa, então o primeiro impacto foi a diminuição de dióxido de nitrogênio, de dióxido de carbono, dos gases do efeito estufa. As indústrias também trabalharam em menor escala, então foram emitidos menos poluentes para a atmosfera, o que é muito positivo para o meio ambiente”, explica.
Segundo a bióloga, com mais tempo em casa, muitas pessoas estão tendo uma maior noção da quantidade de resíduos que produzem. “As pessoas agora estão vendo com mais atenção o grande volume de resíduos que geram todo dia, o que não ocorria antes da pandemia, quando muitos saíam para trabalhar ou para cuidar de outros afazeres. Pensar numa forma de dar o destino correto a estes resíduos é muito importante”, pontua.
A especialista em Recursos Ambientais chama atenção para o fato de que o menor volume de resíduos gerados pelas pessoas está também diminuindo o material de quem trabalha com reciclagem de resíduos sólidos. “Hoje, as cooperativas de catadores estão trabalhando com uma condição muito precária porque nos locais onde eles costumavam pegar resíduos, como nos restaurantes e órgãos públicos, que davam uma grande quantidade de material para eles trabalharem, o volume diminuiu muito. Em compensação, esse volume de resíduos aumentou nos condomínios, então as cooperativas que fazem coleta nestes lugares estão tendo uma quantidade maior de materiais para ser coletado”.
Solidariedade
Vanusa sugere que, além de se repensar o consumo, é preciso também exercer a solidariedade e olhar com empatia para as pessoas que perderam possibilidades de obter recursos, como os catadores de material reciclável. “Agora é hora também de repensar o consumo, de começar a perceber que nós podemos viver com pouco. Para tudo o que a gente consome, de uma caixinha de chá a um eletrodoméstico novo, utiliza-se muito recurso natural para produção. Será que a gente precisa disso tudo? Uma grande reflexão que está mais intensa nesse período é pensar naquele que, por exemplo, vivia vendendo picolé na praia e agora está precisando de ajuda. A solidariedade, a empatia com o próximo, tenho certeza que vão ficar como um grande aprendizado. É pensar no outro, que muitas vezes passa por nós e a gente não percebe”.
O Programa Recicle Já Bahia, vinculado à Superintendência de Patrimônio (Supat) da Secretaria da Administração (Saeb) e responsável pela coleta de materiais recicláveis nos órgãos públicos estaduais, realizou uma campanha para arrecadar doações para cooperativas de catadores de reciclagem durante a pandemia. O Núcleo de Desenvolvimento do Ser Humano (NDSH) está apoiando esta iniciativa ao arrecadar doações para a cooperativa Recicla Jacobina, do interior do estado. Quem quiser colaborar com a ação pode entrar em contato com o NDSH.
A coordenadora do Recicle Já Bahia conta como surgiu a ideia de apoiar os catadores neste momento de dificuldade. “Nós, enquanto servidores, tivemos um grande ensinamento de uma cooperativa de Juazeiro com quem temos uma relação de trabalho. Quando perguntamos como estava a situação deles, se eles estavam precisando de algo, eles falaram que já estavam recebendo ajuda, mas que tinha um pessoal que trabalha no lixão de Curaçá em uma situação muito difícil. Então decidimos fazer uma campanha voluntária com alguns servidores no TRE e conseguimos levantar valores para a compra de cestas básicas e produtos de higiene e limpeza para eles. Esta ação já mobilizou uma outra que a Secretaria da Fazenda está fazendo para apoiar uma cooperativa de catadores em Jacobina. São bons exemplos que estão sendo repetidos”.
Para Vanusa, a solidariedade e o consumo consciente são mudanças de hábitos que devem ser continuados no período pós-pandemia. “Eu espero que depois que tudo volte ao normal, as pessoas possam pensar mais no meio ambiente, refletir mais sobre esse consumo exagerado e pensar sobre a importância de gestos simples como separar os materiais recicláveis no ambiente de trabalho, como trazer de casa pilhas, baterias e resíduos eletrônicos para um descarte correto, separar os papéis, plásticos e papelões, enfim, que tudo o que for reciclável possa ser encaminhado para o reaproveitamento destes materiais”, ressalta a coordenadora do Recicle Já Bahia.
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