Elas conquistaram seu espaço na Sefaz
Em um ambiente que a princípio era predominantemente masculino, as mulheres fazendárias conquistaram seu espaço unindo força e delicadeza no desempenhar de suas tarefas. Atualmente elas representam 42% do quadro de servidores da Fazenda, ocupando as mais variadas funções e mostrando que a competência profissional independe de gêneros.
A psicóloga e servidora do Núcleo de Desenvolvimento do Ser Humano na DAT-Sul, Zelma Borges explica que "o toque feminino no ambiente de trabalho se dá através da beleza, leveza e delicadeza que as mulheres trazem em si, com uma possibilidade maior de sensibilidade com relação ao ambiente, às situações e ao outro".
No entanto, a psicóloga destaca que estas características podem variar de acordo com a personalidade de cada mulher. "Como a Sefaz é uma organização de característica racional, objetiva, pode ocorrer que as mulheres se adaptam a este modelo e este comportamento pode ser acentuado devido à sobrecarga por atenderem a tantas outras demandas. Essas características podem ser inerentes à pessoa, independendo do gênero. O mais importante é o equilíbrio entre as habilidades entendidas como masculinas e como femininas em cada pessoa, seja no ambiente de trabalho ou fora", ressalta.
Elvira Carvalho, pioneira na fiscalização de mercadorias em trânsito
Quando ingressou na Sefaz, em 1977, ainda era incomum ver mulheres atuando na fiscalização de trânsito, o que não impediu que a servidora aposentada Elvira Carvalho fosse uma das pioneiras na função. Iniciando sua trajetória na Fazenda como estagiária de contabilidade, Elvira interessou-se pela carreira fazendária e mais tarde passou no concurso para agente de tributos estaduais . Em 1989, como auditora fiscal, foi designada para coordenar equipes na fiscalização de Trânsito de Mercadorias, onde permaneceu por cinco anos, atuando nos posto fiscal de Serrinha, João Durval Carneiro e Antônio Cardoso.
Elvira revela que a maior dificuldade vivenciada no trânsito era cumprir as escalas de trabalho nos postos fiscais, com plantões que variavam de 24 horas, três dias e até seis dias de trabalho, exigindo que ficasse muito tempo longe dos filhos. "Só conseguia conciliar porque eles ficavam com minha mãe e uma secretária, pois, nesta época já era viúva", conta.
De acordo com a servidora, o apoio dos colegas e o trabalho em equipe ajudavam a superar as dificuldades encontradas no dia a dia da fiscalização nos postos ficais. "Naquela época, o pagamento dos Impostos era efetuado diretamente ao agente arrecadador e os postos fiscais ficavam sujeitos a perigos em decorrência da guarda e transporte dos numerários arrecadados até o recolhimento dos bancos. Era uma situação preocupante, mas como éramos unidos, trabalhávamos em equipe, tudo fluía bem. Éramos dedicados e amigos, sempre com o cuidado de um proteger o outro por estarmos em um espaço sujeito a situações diferentes que ocorriam na abordagem e na conferência das mercadorias".
Elvira acredita que as mulheres possuem uma maneira especial de se relacionarem e resolverem problemas no dia a dia de trabalho. "Sempre atendi os contribuintes com equilíbrio, procurando controlar e resolver cada situação que ia surgindo. Nós mulheres somos capazes de realizar nossas tarefas com amor, dedicação, conhecimento, responsabilidade e ética profissional", conclui.
Ivanete Medrado, 23 anos atuando nos postos fiscais
Atuando durante 23 anos no trânsito de mercadorias, a servidora Ivanete medrado, coordenadora de postos fiscais da IFMT-Sul - Supervisão Barreiras, conquistou seu espaço na profissão, mostrando que com trabalho e respeito homens e mulheres são capazes de desenvolver suas tarefas de maneira competente.
"Ingressei na Sefaz em 1991 e logo comecei trabalhando no posto fiscal Bahia/Goiás. Fui bem aceita desde o início pelos colegas. Nunca teve questão de favorecimento pelo fato de eu ser mulher. Todos tinham que cumprir seus plantões da mesma maneira, o que eu acho super justo. Em todo momento em que trabalhei nos postos fiscais nunca fui desrespeitada nem por contribuintes nem por colegas. Sempre houve respeito mútuo", ressalta.
No entanto, Ivanete conta que apesar do respeito por parte dos colegas algumas situações eram mais complicadas para as mulheres, como dividir dormitórios e ficar longe dos filhos nos dias de plantão. A agente de tributos acredita que a mulher tem mais tato para resolver situações delicadas, lidar com os contribuintes, e até mesmo acalmar os ânimos quando for preciso.
"Minha maior dificuldade foi ter que dividir dormitório com colegas homens em alguns plantões nas instalações do posto fiscal. Ficava inibida, embora sempre tenha havido respeito. Outra dificuldade era ter que deixar os filhos. Na época, estava separada, e quando viajava para os plantões, que duravam cerca de dez dias, tinha de deixar meus quatro filhos em casa. É preciso ter garra e determinação pra conciliar a vida profissional com a familiar, ainda mais numa rotina de trabalho que estava sempre viajando".
Sheilla Meirelles, Inspetora Fazendária de Investigação e Pesquisa
Com 26 anos de carreira fazendária, a auditora fiscal Sheilla Meirelles já assumiu as inspetorias de Brotas, Iguatemi, foi assistente do Conselho de Fazenda Estadual (Consef) e há quatro anos é Inspetora Fazendária de Investigação e Pesquisa da Sefaz, coordenando os trabalhos de combate à sonegação fiscal. Sheilla acredita que o concurso público contribui para a igualdade de gêneros, pois os candidatos são selecionados de acordo com sua capacidade e homens e mulheres tem as mesmas chances.
"O concurso público permitiu que as mulheres alcançassem um patamar de igualdade nos cargos e funções, o que muitas vezes não observamos na área privada. No serviço público é mais fácil, pois temos a vantagem de sermos concursadas e termos passado pelo mesmo processo de seleção que os homens, provando nossa competência através do nosso trabalho. Já ouvi de um contribuinte que o trabalho de fiscalização não era apropriado para uma mulher, mas entregava o auto de infração e a conversa era encerrada".
Para a auditora, as mulheres se esforçam mais para conciliar a carreira e os cuidados com os filhos e a administração do lar. "Quando passei no concurso para auditora fiscal fui lotada na inspetoria de Brumado e a maior dificuldade era ter que ficar longe dos meus três filhos. A ajuda do pai das crianças, da minha mãe e da babá foi fundamental para que eu pudesse conciliar a criação dos filhos com a carreira fazendária. A mulher precisa se esforçar um pouco mais do que os homens, pois somos exigidas em áreas em que eles não são tão cobrados, como na criação dos filhos e o cuidado com a casa. A mulher deve seguir o caminho dos estudos e mostrar sua competência através do trabalho", indica Sheilla.
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