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Os pais e a relação dos filhos com a tecnologia
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No mundo atual, as crianças começam a ter acesso a aparelhos eletrônicos muito cedo. Mas como os pais devem administrar o uso dessas novas tecnologias pelos filhos? Confira nesta matéria depoimentos sobre o assunto de mães fazendárias e da psicóloga Luísa Sampaio, especialista em crianças e adolescentes.
Vivemos em um mundo altamente conectado, em que as crianças já começam a ter contato com aparelhos eletrônicos desde a primeira infância. Mas como os pais devem lidar com o acesso dos pequenos à tecnologia num contexto em que boa parte do que fazemos, de atividades educativas ao entretenimento, ocorre de forma on-line? Mães fazendárias compartilharam suas experiências de como administram o uso de dispositivos eletrônicos e redes sociais pelos filhos.
Youtube, Instagram e Whatsapp são hoje as principais redes sociais utilizadas por jovens, adultos e até mesmo pelas crianças. Difícil encontrar alguém que não possua um celular com ao menos um destes aplicativos. Com tanta gente on-line, não dá para impedir que os filhos tenham contato com dispositivos que dão acesso à internet, como celular, tablet e vídeo game. Mesmo que os pais proíbam o acesso em casa, muitas vezes as crianças acabam acessando estes aparelhos na escola e também na casa de amigos ou de parentes.
A internet é um meio que possui todo tipo de conteúdo, muitas vezes inapropriado para crianças e difíceis de serem totalmente bloqueados. Por isso, os pais precisam tomar cuidado ao permitir que seus filhos tenham acesso às redes. Algumas mídias sociais só permitem o acesso para maiores de 13 anos de idade, restrição que pode ser facilmente burlada. Muitas crianças menores já possuem contas nestas redes, tendo acesso a um mundo de possibilidades.
Acompanhamento dos pais
Raquel Pimenta, servidora da AGE, é mãe de três filhos: Antônio, 4, Valentina, 6, e Kevin, 12. Todos eles têm acesso à internet, mas sempre sob o monitoramento dos pais. As crianças não possuem celular próprio, porém acessam jogos e vídeos do Youtube através do aparelho telefônico da mãe. “Eu limito o tempo que meus filhos usam meu celular, e sempre observo o que eles estão vendo. Qualquer coisa diferente, eu interrompo o acesso”, disse Raquel.
A servidora da SAF, Rosângela Aboim, também é mãe de uma criança que está vivendo a fase da pré-adolescência. Sua filha Luma, de 11 anos, tem celular próprio com acesso acompanhado pelos pais. “O pai controla mais o uso de celular pela nossa filha, porque eu não entendo muito de redes sociais. Tentamos acompanhar cada passo. Sabemos todas as senhas e sempre estamos de olho nas amizades”, comentou Rosângela.
Já as servidoras Luciene Guimarães, da APG, e Ana Paula Gomes, da DTI/Gepin, são mães de crianças menores, com idades de 5 e 4 anos. Luciene controla de perto o acesso do filho João Leandro, 5. O pequeno possui o próprio celular, mas acessa apenas o Youtube Kids, que exibe vídeos com conteúdo para crianças de até 6 anos de idade. “De manhã ele acorda e faz as tarefas, de tarde vai para a escola. Só deixamos pegar o celular quando ele volta da aula, às 18h, por no máximo uma hora e meia”, contou Luciene.
Com formação na área de tecnologia da informação, Ana Paula conhece bem os riscos que a internet pode trazer. Mãe de Théo, 4, ela afirma que o filho começou a conhecer as mídias sociais pela influência dos coleguinhas, e tenta restringir ao máximo o acesso do pequeno às redes. Ana Paula também deu algumas dicas sobre como controlar a permissão de acesso das crianças. “Os vídeos do Youtube podem ser classificados por idade. Outra opção é bloquear totalmente o acesso não instalando o aplicativo no celular ou no tablet. Alguns sites permitem o bloqueio a determinados conteúdos através de construção de proxy dentro da própria casa pelo wi-fi”, explica.
Brincadeiras ao ar livre
A psicóloga Luísa Sampaio, especialista em crianças e adolescentes, diz que é importante permitir o uso de redes sociais somente depois da primeira infância, ou seja, a partir dos sete anos, sempre com a vigilância dos responsáveis. Já os aparelhos eletrônicos com jogos educativos podem ser apresentados a crianças a partir de 5 anos.
Ela ressalta que, apesar de dispositivos eletrônicos também poderem fazer parte da rotina, o ideal seria que as crianças tivessem cada vez mais contato com a natureza, como parques, brincadeiras ao ar livre com outros coleguinhas da mesma idade, para que desenvolvam um contato social mais presencial do que virtual.
“Usar um instrumento eletrônico como um recurso de estimulação cognitiva, alguns jogos pedagógicos, algo bem direcionado, pode sim ser positivo, mas somente a partir dos cinco anos de idade. Existem crianças que entram em contato com aparelhos eletrônicos com um ano, dois anos de idade, mas eu não sou a favor desse método, pois pode ser prejudicial para as crianças”, aconselha.
Intoxicação eletrônica
As tecnologias vieram para facilitar a vida de diversas formas, mas trouxeram também muitas consequências negativas. O mau uso da tecnologia pode acarretar em dificuldades de relacionamento e ainda causar sedentarismo, problemas de compulsividade, perda de sono e ainda prejudicar a execução de tarefas básicas como estudar, brincar e se alimentar.
A psicóloga explica que alguns adolescentes que têm dificuldade de se comunicar com outros da mesma idade acabam se refugiando em um mundo fantasioso, o que pode acarretar em uma intoxicação eletrônica, que é um indicador de dependência aos dispositivos eletrônicos, também reconhecida como uma doença.
Youtubers
Se nas décadas anteriores os programas infantis da televisão faziam a cabeça da criançada, atualmente esta influência é exercida pelos youtubers e blogueiros do Instagram. Existem youtubers com milhões de seguidores, inclusive com conteúdos voltados para atrair crianças e adolescentes.
A psicóloga explica que as crianças menores possuem um comportamento imitativo e acabam enxergando os blogueiros que assistem na internet como referências de liderança. Muitas vezes os pequenos começam a utilizar a mesma forma de falar desses influenciadores e a pedir coisas que determinado youtuber indica, como comer sobremesas de determinada marca e comprar livros e bonecos vendidos pelos youtubers. “As crianças querem se vestir e falar igual a eles, ter o que os blogueiros têm e até imitam suas brincadeiras”, explica Luísa.
De acordo com a especialista, as redes sociais requerem algumas noções básicas de relacionamento de conduta. “Se forem bem utilizadas têm seus ganhos, como aprender coisas novas, obter informações e ficar por dentro das novidades. Mas é preciso monitoramento por parte dos pais através do diálogo dentro de casa”, recomenda.
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